domingo, 5 de setembro de 2010

O Salto






Era uma vez um grão de arroz. Ele vinha sendo carregado por uma colher gigante, junto com outros muitos grãos de arroz quando, de repente, escorregou e caiu fora do prato. Todo arroz tem um destino, principalmente quando ele foi cozido. Pois bem, o arroz solitário ficou em cima da pia esperando uma mão amiga devolver-lhe o caminho. Mas algo estranho aconteceu... A mão que segurava a colher, aquela mão terrível e gigantesca, não percebeu que o pobre e solitário arroz havia ficado de fora do banquete. Então, o grão ficou ali, olhando para o prato, a mão e a colher, e observou que estavam cada vez mais longe.


O arrozinho não teve dúvidas e pensou: "Uhh É agora ou nunca!”.


E tomou a decisão mais importante de toda sua vida de arroz: Foi saltitando alegremente até a beirada da pia. Olhou para baixo e ficou admirado com o que viu, pois nunca tinha tido a oportunidade de ver as coisas sob aquela perspectiva. Assim que, diante do desconhecido e embuído de muita coragem, largou-se dali mesmo e em queda livre sentiu a maior felicidade que um arroz podia conhecer. Enquanto caía, um filminho lhe passava diante de seus olhinhos de arroz. Lembrou-se de quando era apenas um rizominha, de suas primeiras folículas verdes, de seus familares reunidos na água. Era uma grande família, pensou. Lembrou-se também de quando vieram aquelas exóticas e gigantescas criaturas de ferro a retirá-lo do seio da família...


E totalmente maravilhado pela sensação da queda, não se deu conta de que sua viagem chegava ao fim. Mas o arroz estava preparado! Ele estava macio do cozimento e nada sofreu quando tocou o chão. Respirou aliviado e pensou: "Agora é nóis!" - Ele guardava um sentimento coletivo de arroz!-


De repente, um pé enorme, gigante mesmo, aproximou-se da cozinha, e com o pé estavam muitas outras partes, como as pernas e tronco e também mãos! E o arroz, muito confuso vendo aquela criatura nova, ficou parado ali olhando tudo e tentando compreender o que era aquilo(?) E concluiu que 'aquilo' era uma coisa só, que se ligava à mão! Aquela mesma mão que segurava a gigantesca colher.


Sem mais nem menos a estranha criatura, com tronco, pernas e mão veio em direção ao pequeno grão, sem nem notá-lo, claro. Um passo, outro passo e, por fim, o derradeiro passo. O último pensamento do arroz foi: "Puta que pariu... Como pude ser tão estúpido a ponto de querer lançar-me a tão inexplorável veredaaaaaa!" Plafff!


E numa só pisada o arroz, muito cozido que estava, esparramou-se debaixo da sola daquela abominável criatura, cuja mente, imaginava o grãozinho, era a mão.


Moral da história: Todo arroz tem direito a um prato! Não desista dos seus sonhos! Todos caem algumas vezes na vida. Mas quando isso acontecer, levante-se o quanto antes, pois nunca sabemos exatamente que espécie de enredo ou bizarrice está por vir... Todos têm um destino, cumpra o seu, ou então, é bem capaz de você ficar preso sob as solas e os passos de alguém...


Eu, o grão de feijão, vi e falei!


Flor

sábado, 3 de abril de 2010

1° de abril




Anteontem foi 1° de abril, dia da mentira... Dia de Loki!

Notícias: Donos de carrocinhas de cachorro quente fazem ‘bundalêlê’ na frente do Hospital de Base. Revoltados com condições precárias de trabalho, vendedores mostraram a qualidade da salsicha para todos que quisessem ver!! Ninguém foi preso...

Notícias: Técnica recém descoberta por médicos sobre o apêndice humano revoluciona a medicina. Os médicos, após a retirada do inútil órgão, sopram o mesmo (como um balão! :O) para constatar o grau de impermeabilidade do apêndice, bem como averiguam pela coloração do mesmo, a saúde do paciente. Vejam:

Amarelo esverdeado: o paciente andou comendo muitos ‘nachos’ para machos.
Azul da Prússia: o paciente se alimentou por muito tempo de tubos de tinta de canetas esferográficas.
Verde bertalha: o paciente andou se alimentando exclusivamente de chicória. (Essa eu não entendi)
Vermelho Drácula: o paciente assistiu mais de 3 vezes à Saga Crepúsculo isto lhe provocou sérios efeitos colaterais.

Notícias: Para quem é amante do café, anime-se! Foram desenvolvidas variantes da semente em cores muito modernas. Agora você pode apreciar aquele cafezinho nas cores rosa fúccia, verde-limão (mas o sabor não é de limão), azul royal (com este você se sente no céu de tão bão) e branco-leite (este eu acho que é um embuste!)

Mercado louco: Estão à venda tvs de 1 pol. para pulgas, pulgões e ácaros. Resta saber se a programação atende ao gosto do público, faminto por sangue e sujeira!

Legalização da maconha: A militante Maria Joana Moita esclareceu que usa óculos escuros porque tem fotofobia e não por que lhe falta colírio. Ela disse ainda que haverá novas manifestações em 2010 e a 1ª delas terá o tema: "Troque seus óculos cor-de-rosa por óculos verde-folha". Ela vive atualmente na Holanda e finaliza: "That's my joint of view."

Flor
Ay, cuánta tontería...

quarta-feira, 21 de outubro de 2009

Aposentados: Mãos à obra!




Depois de anos de labuta, com ou sem amor à camisa, o trabalhador espera pela tão sonhada aposentadoria...

Pesquisas recentes da Universidade de Maryland, nos Estados Unidos, apontam que pessoas que se mantêm trabalhando após terem se aposentado, possuem uma saúde notadamente melhor, com menos riscos de aquisição de problemas graves de saúde. - Veja a notícia completa no site: O Globo.

Esta notícia me lembrou um controvertido livro: ‘O Amor Conquistado’, de Elizabeth Badinter. A autora revela, a partir de dados históricos, a relação entre mães e filhos nos séculos XVII e XVIII. Crianças recém nascidas eram entregues à amas de leite e com elas permaneciam, diga-se de passagem, nas piores condições possíveis, até a idade de 5 anos. Contrariamente ao que somos educados a pensar, a autora nos fala sobre o mito do amor materno e o processo de aquisição do mesmo, desmistifica o instinto maternal, supostamente inerente ao comportamento feminino. Ela deixa claro em seu livro a necessidade observada pela Igreja Católica, em um dado momento, de repovoar uma Europa já idosa neste período. A Igreja, por sua vez, estabeleceu uma incrível estratégia de marketing! Usou a imagem de Nossa Senhora com Jesus Menino nos braços, dando a entender que ser mãe é ter amor, é ter seu filho nos braços. Em pouco tempo, o tal ‘instinto maternal’ foi surgindo e com ele, a Europa foi sendo repovoada, seus filhos, criados e amamentados pelas próprias mães; a Igreja foi vitoriosa em sua empreitada em meados do século XIX.

Ontem o café fazia muito mal, hoje ele possui substâncias fantásticas que podem fazer maravilhas pelo cérebro. Ontem a soja era perigosa, hoje é fenomenal... O que eu quero dizer com sojas e cafés, é que certas verdades proferidas por pesquisas podem ser bem mais do que simplesmente boas notícias. Não creio em teorias de conspiração - elas são de uma obviedade sinistra - no entanto, percebo, em pesquisas assim, que o trabalhador espera uma vida inteira pelo momento do descanso e quando, enfim, ele se aposenta, não tem o direito de parar e refazer sua rotina conforme seus anseios, sonhos ou devaneios mais preciosos... Ele deve continuar a produzir para não adoecer! É muito incômodo imaginar que não temos livre-arbítrio, não?!

Ter uma saúde boa não depende de continuar trabalhando após a aposentadoria, mas de levar a vida de modo saudável!

Temos leis que compõem os direitos de aposentadoria, tivemos reformas recentes; será que a Previdência Social terá meios de continuar pagando por muito mais tempo essas aposentadorias? Durante o século passado, o caixa da Previdência Social foi usado para financiar diversas obras públicas e projetos de governo. Algo que não é muito lembrado hoje em dia. Por fim, a culpa sobre o rombo na Previdência recaiu sobre os valores das aposentadorias, mas devemos lembrar que qualquer sistema previdenciário funciona com o acúmulo dos pagamentos dos trabalhadores, enquanto ativos, em um fundo de capitalização que permita, a longo prazo, reverter este capital em pagamento das aposentadorias. Absurdamente, a solução para o rombo na nossa previdência foi a taxação dos inativos, criando-se um paradoxo: depois de contribuir por anos para ter direito ao recebimento, o pensionista deve continuar contribuindo. Por quê? Para garantir uma aposentadoria post mortem? A tal crise econômica que assolou os Estados Unidos não poderia ser o verdadeiro motivo por trás dessa pesquisa?

Quantas pesquisas e reformas ainda virão para tentar fazer-nos crer que continuar trabalhando será bom para a saúde? Quando as leis que protegem os aposentados os beneficiarão realmente? Não seria uma boa estratégia de marketing (?) dizer: Trabalhe, meu filho, trabalhe até o fim dos seus dias! Não faça outra coisa além de trabalhar! É bom pra saúde! Trabalhe e produza!

Usei o exemplo de Badinter apenas para mostrar que certas verdades podem ser construídas a partir das necessidades sócio-econômicas de um determinado período histórico. Não seria melhor para a saúde poder escolher o que se quiser antes e depois de aposentar-se, além de levar uma vida saudável, claro, e receber aquilo que é de direito, sem mais delongas?

Particularmente não penso em aposentadoria, nunca me imaginei aposentada, mas isso é uma escolha pessoal! Tampouco creio em amor maternal, creio apenas em amor!

E a sua escolha, qual é?

Como diria Raulzito: “Eu é que não me sento no trono de um apartamento, com a boca escancarada, cheia de dentes, esperando a morte chegar”.

Flor

segunda-feira, 12 de outubro de 2009

O retorno de Jedi - E a saga realmente continua...

Jediísmo é a religião que congrega pessoas adeptas do modo de vida dos Jedi.


Em 2001, um censo no Reino Unido revelou que 390.000 pessoas declararam sua religião como sendo "Jedi", assim sendo a quarta maior religião da Grã-Bretanha, atrás do Cristianismo, Islamismo e Hinduísmo.

Em 2001 também se declararam "Jedi" 70.000 pessoas na Austrália, 53.000 na Nova Zelândia e 20.000 no Canadá. Isso é parte de uma campanha criada pelos fanáticos por Star Wars, que enviam e-mails pedindo a declaração como Jedi esperando conseguir com que o "Jediísmo" se torne uma religião reconhecida por governos. Também pedem no mesmo e-mail para fazerem a declaração para mostrarem-se fãs de Star Wars.


Fonte: Wikipedia


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Quem nunca ouviu falar destes fabulosos mestres? Quem nunca ouviu falar em sabres de luz? Em lado negro da Força? Certamente já ouviram, pois esta é uma saga que atravessa os tempos, as eras!


Bem, em minhas andanças pela internet, descobri essa curiosidade acerca dos fãs da Saga Stars Wars. O fato é que, por mais increça que parível, existem milhares de pessoas no mundo que se identificam com a ‘religião’ Jedi. Parece-me simples de se entender... A fé anda abalada? As igrejas andam caindo no descrédito? O que se tem hoje não preenche o vazio, a sensação de orfandade que assola os seres humanos? Ou ainda, certas filosofias criadas no cinema demonstram com mais consistência os caminhos do mistério?





Não sei se a considero exatamente uma religião, como os fãs na Europa, Austrália e no Canadá, mas talvez uma filosofia de vida. Não residem nela certos modos eclesiásticos tais como os conhecemos em religiões mais familiares. Religião vem do latim vulgar: religio, que significa "prestar culto a uma divindade", “ligar novamente", “religar”. Religiões, para serem consideradas como tal, devem possuir uma crença no sobrenatural, no invisível, em Deus ou Deuses, normalmente revelam uma organização cosmogênica, explicações sobre o pós-morte, ritos que marcam a vida do indivíduo e que são acompanhados por membros de igrejas; são doutrinas que expressam e demonstram formas de conduta e de ética de acordo com a cultura e crença de cada povo.


Para os Jedi, essa gente que conhece os caminhos da Força, não há a necessidade de religar coisa alguma a nada, pois a Força que toca o mundo está presente em cada célula, molécula, cada forma de vida, em cada objeto existente. Tudo é energia em formas diferentes de concentração e vibração. A única coisa que se tem que fazer é estar atento e sereno para começar a sentir certas orientações interiores que sempre estiveram lá, contudo, enfatizo, não há nada a ser religado, pois não há qualquer coisa desligada da tomada interior. Não há nada de sobrenatural ou mágico, propriamente, na filosofia Jedi, a vida é natural e a Força é natural.




Não há emoção, há paz.

Não há ignorância, há conhecimento.

Não há paixão, há serenidade.

Não há caos, há harmonia.

Não há morte, há a Força.

Devemos considerar que a filosofia de vida Jedi mostra os caminhos duais pelos quais passamos durante a vida. Mostra com clareza as dúvidas e os problemas advindos das escolhas que fazemos. Não é novidade para ninguém que fazemos escolhas a cada micro-instante de nossas existências. No entanto, a filosofia Jedi nos trás a difícil tarefa de estarmos conscientes de cada uma delas.

A despeito de não possuir certos ritos tais como missas ou cultos, livros sagrados, possui sim preceitos, possui um código. Sabemos que sua origem não é exatamente mística, pois surgiu a partir da contemplação filosófica de alguns pensadores (ver Universo Expandido de Star Wars), que no intuito da observação cuidadosa da vida fizeram refletir de maneira profunda não o maniqueísmo simplista – típico das religiões conhecidas – mas os caminhos da dualidade e das escolhas. Mas vejam, tais preceitos não tocam o bem e o mal corriqueiros, e sim a consciência equilibrada da existência dos opostos.

Os Jedis não vem sob a forma de padres ou ministros que professam a fé, pois são, antes de qualquer coisa guerreiros-filósofos, cavaleiros prodigiosos, que escolhem as batalhas das quais irão participar. As lutas entre Darth Vader e Luke são antes de tudo uma metáfora. Aqui as batalhas ganham uma dimensão mais filosófica, apesar de existirem belicosamente falando.

Não é uma tarefa das mais simples caminhar na trilha Jedi, quando vivemos num mundo que nos impõe emoções fortes, ignorância sem limites, paixões vicerais, caos total e morte da crença das possibilidades luminosas do bem viver.

De todo modo, quando tomei conhecimento da notícia, antiga, por assim dizer, gerou-se em mim uma onda de alegria. Pois neste mundo em que vivemos são tantas as palavras proferidas em nome de Deus e da fé, em nome do amor de Cristo, são tantas babéis, livros sagrados, dogmas, cruzes, que me pergunto: Será que tudo isso tem surtido o efeito esperado? Há quanto tempo esperamos por um milagre na mudança da consciência humana? Enfim, isso tá funcionando bem? Então, acho que não é mesmo difícil de entender o por quê da existência de pessoas espalhadas pelo mundo todo se dizendo seguidores da filosofia/religião Jedi.

Deixo a cargo dos leitores a missão de lerem e compreenderem o significado do Código Jedi. Não tenho a mínima pretensão de explicá-lo, pois a batalha é aqui, agora, pessoal e intransferível. Mas sim, tenho uma sugestão! Se forem assistir aos filmes, vejam os episódios na seguinte ordem:

IV. Uma Nova Esperança
V. O Império Contra-Ataca
VI. O Retorno de Jedi
I. A Ameaça Fantasma
II. O Ataque dos Clones
III. A Vingança dos Sith


Flor

terça-feira, 3 de março de 2009

Profissão, missão ou frustração?


A escola está errada!
Este é o slogan que a MTV andou usando em uma de suas vinhetas. Devo confessar que fiquei feliz ao vê-la e ouvi-la. Sim, a escola está errada, há muitos séculos.



O que se aprende na escola atualmente?


1. A ter medo de errar;
2. A ser considerado burro por cometer erros;
3. A driblar as tarefas, as responsabilidades;
4. A manter a autoestima lá em baixo;
5. A odiar o Conhecimento e o estudo;
6. A alimentar o espírito sonso, preguiçoso e agressivo...



Posso ficar aqui enumerando os desacertos da Instituição Escolar por muito, mas muito tempo... E vocês aí, podem e devem continuar enumerando!


O lugar quadrado:
 

Um caixote quadrado, abafado, com carteiras horríveis, enfileiradas onde aprendemos a nos sentar mal e a manter uma postura física que danifica a coluna e a respiração. É possível aprender alguma coisa útil e benéfica para a vida desta forma? É possível forjar estímulos para o conhecimento em um ambiente assim?


O tratamento geral:
 

Começamos com um problema sério que é tratar o público por aluno. A palavra ‘aluno’ vem do latim alumnus, do verbo alere, nutrir, crescer, fazer desenvolver. Segundo Aristóteles, aluno é o mesmo que sem luz. Luz, neste caso, significa Conhecimento. Sem conhecimento? Isso é certo? Será mesmo que os estudantes não possuem nada em termos de conhecimento? Nada que se possa trocar? Não é possível... Mas parece que ninguém liga para isso! Já ouvi dizer: Isso de nomes não tem importância! Vivemos em um mundo que nomeia e rotula tudo a nossa volta. Há muitos dadores de aula nas escolas atualmente, que fazem com que o estudante se sinta mal por ter errado alguma coisa. Logo, temos um público medroso e melindroso, que não consegue expor opinião por medo do que o dador de aula vai fazer ou dizer dele diante dos outros. A escola hoje cria condições muito específicas para o desenvolvimento de indivíduos com problemas de ansiedade, problemas para lidar com a frustração e o medo. Desde cedo os estudantes desenvolvem tiques-nervosos, distúrbios de atenção, de disciplina, o que acarreta cansaço físico e mental.


O estudante tem o direito de errar, afinal ele está ali para aprender e trocar. Não é errando que se aprende?


O tempo:

O tempo médio que um indivíduo passa na escola é de 15 anos. A conta do tempo aumentou nas últimas décadas em função da enorme demanda familiar por dinheiro e subsistência, e por consequência, pais e mães passam mais horas fora de casa, o que faz com que o estudante comece a vida escolar mais cedo. Ó o estresse chegando aí gente! Este é o tempo geral ou total. O tempo específico é aquele que o estudante estuda propriamente, no turno ou turnos, no caso de um semi-internato, por exemplo. Isso já engata no tema da responsabilidade de educar filhos de pais ausentes, que recaiu sobre a comunidade escolar.
É possível ficar 5 horas, aproximadamente, sentado, ouvindo e anotando o que o dador de aula fala e escreve? Sim, é possível. Mas é útil de fato? Ou ainda, será que as 5 horas que o estudante passa dentro da escola poderiam ser trabalhadas de maneira mais moderna, mais justa e adequada? Preciso responder a esta pergunta?

O material:
 

Há escolas que usam livros de verdade e outras que usam apostilas, confeccionadas por supostos educadores. Daí os estudantes aprendem a memorizar, para depois esquecer. Não acredito nem em uma coisa, nem em outra... Infelizmente os livros de verdade são mal usados, são empurrados e mal digeridos pelos estudantes, porque fazem parte de outro pacote: O vomitorio de matérias!
Voltando ao tema das apostilas, me parece um tanto pretensioso levar o conhecimento aos jovens estudantes nesse tipo de ‘livro’ que mais se parece com encarte de banca de jornal. Nada contra encartes de banca, muito pelo contrário. No entanto, dizer que são livros didáticos... Isso mais se parece com caixinhas Tetra-Pack, cujo conteúdo é bem pasteurizado, ou com lanches fast food, meio junk!
Afora o fato de que temos hoje crianças que levam malas de viagem para as escolas, com direito a rodinhas e tudo, e o pior, é moda ter malinhas assim! Se seu filho não tiver uma ele não fará parte do grupinho que as tem! Dentro dessas malas levam toda a sorte de materiais que muitas vezes não são usados. E o peso?


O bom lado da escola:
 

Quando não há bulling, os estudantes gostam de ir à escola pela vida social que ela pode proporcionar! Ver os amigos, colegas, ensaiar aproximações, cantadas, namoros... Isso é saudável, mas não é tudo, é somente uma pequenina parte, que hoje ganhou proporções esdrúxulas em comparação com o que a escola pode oferecer de proveitoso e prazeroso no convívio social.


Conclusão:

Não tem jeito de levar a escola a sério, portanto, não temos o direito de condenar os estudantes por não gostarem de ir à escola ou por não dedicarem aos estudos muito de seu tempo, o que dirá ao Conhecimento.


O que fazer então?
Mudar.
Como?
Jorge Benjor, grande artista, começa uma de suas canções dizendo: “Tem que dançar, dançando!”.
Então penso que tem que mudar, mudando! Mesmo!


Flô
PS: Este texto não se dispõe a atingir nenhuma escola em especial, senão à forma como se produz educação hoje em dia. Acredito pessoalmente que a Educação é a mais transformadora das armas, acredito ainda que há milhares de educadores bem intencionados e preparados, escolas bem equipadas, mas, infelizmente, isso não é o suficiente. Ainda se faz necessário o cumprimento dos papéis essenciais a que ela se propõe: Manter vivo o espírito curioso para aprender a fazer perguntas em lugar de obter respostas certas e fazer com que o indivíduo compreenda o que significa viver a vida.

sábado, 10 de janeiro de 2009

O Código BIC




Outro dia, meu marido, que é marinheiro, veio com uma conversa de comprar um barco BIC. É isso mesmo, da marca BIC, das célebres canetas e isqueiros. Quando ele me disse isso, fiquei preocupadíssima. E como não ficar, uma vez que esses fantásticos objetos sempre desaparecem de nossas vistas...


Alguém já viu caneta ou isqueiro BIC ficar sob o domínio do dono por muito tempo? Claro que não!! É uma verdadeira dança de isqueiros e canetas!


Fiquei pensando por que esses objetos sempre desaparecem... Resolvi reunir todo o acervo, todo o inventário sobre esse assunto, a fim de estudá-lo e entendê-lo melhor. Foram noites e noites em claro tentando compreender como tudo isso funcionava! Uma noite, exausta e debruçada sobre os livros e documentos, tive uma epifania!


Conclui portanto, que BIC deve ser uma espécie de sigla:


B.I.C. - Being Ignored Constantly.
Traduzindo: Constantemente ignorado!
O fato é que num determinado ponto de uso, tanto canetas como isqueiros, desaparecem! Imaginem esse fenômeno ocorrendo com um barco! Apavorante, não? Principalmente se o barqueiro, no caso meu marido, estiver numa viagem em direção às Bermudas! Aí já era mesmo!


Após começar a decifrar o Código BIC, entendi mais uma coisa que vou compartilhar aqui, pois deverá ser muito útil a todos! Além de sigla, descobri também que os objetos criados pela BIC não desaparecem simplesmente, retornam à Nave Mãe, uma espécie de Grande Geradora ou Recicladora (ainda não consegui decifrar completamente esta parte, mas conto com o apoio de todos para isso), de objetos, grandes ou pequenos, que desaparecem no ar, mar ou terra!


Quem de vós já viu uma caneta ou isqueiro BIC terminar ainda sob vosso domínio, pode considerar-se um agraciado, um espírito especial, pois é para poucos, apenas os escolhidos pela Grande Geradora ou Recicladora, ofertada a graça de tão singular código!


Depois do início das pesquisas e, por conseguinte a descoberta de tão valiosa instrução, achei por bem comunicar ao meu marido minhas descobertas. Ele por fim compreendeu e acatou minha opinião sobre não comprar barcos BIC. Expliquei-lhe que quanto a ter canetas e isqueiros tudo bem, é possível controlar a situação, mesmo que venhamos a perdê-los, mas um barco era meio difícil!


Tendo disponível parte do código decifrado, pensem, reflitam, e ajudem a decodificar o restante dele. Há muito mais informação oculta do que podemos supor! Devemos estar atentos aos sinais e alertas, como verdadeiros cães perdigueiros!


Flávia


PS: Todos os apontamentos de pesquisa foram feitos com canetas BIC de todas as cores, bem como isqueiros da mesma marca foram utilizados para acender cigarros. Não houve relatos de desaparecimento dos mesmos durante o processo de investigação.
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É com muito carinho que recebo este selo oferecido por Patrícia Andréa, blogueira experiente e competente! Muchas gracias muchacha! ;D


Opa!! Mais um selo! Valeu Patrícia! Sou sua fã, mas disso você já sabe! :)

Esses blogs são extremamente charmosos. Esses blogueiros têm o objetivo de se achar e serem amigos. Eles não estão interessados em se autopromover. Nossa esperança é que quando os laços desse troféu são cortados, ainda mais amizades sejam propagadas. Entregue esse troféu para 8 blog(ueiro)s, que deverão escolher outros 8 e assim sucessivamente, incluindo sempre esse texto com o troféu!!!!
- Palavras de Patrícia -

quinta-feira, 27 de novembro de 2008

Terra à vista! Recolonizando a América



Quando Cabral ‘descobriu’ o Brasil e nos trouxe a mais nova flor do Lácio não podia imaginar que 500 anos depois a Espanha teria o timão colonizador de volta às mãos!


Um brevíssimo resumo da história
Depois que Colombo aportou em terras novas no ano de 1492, teve o exército aniquilado por amistosos aruaques que viviam na região que hoje é a República Dominicana. Entretanto, um tempo depois, os aniquilou quase que completamente sem maiores dores na consciência.
Cabral movido pelo mesmo intento descobridor chegou ao Brasil um pouco depois, em 1500. Começava mais ou menos aí a história que nos ensinaram livros e professores.
Placar: Espanha 1 – Brasil 1


Antes - A estratégia colonizadora I
Os espanhóis, por volta do século XVI, já detinham o controle da zona costeira de quase toda a América, exceto a porção brasileira, graças ao papa Alexandre VI, que permitiu através da Bula Inter Coetera, a exploração de terras além mar; 100 léguas a partir da Ilha de Açores. Água, nada além de água! O tratado teve de ser revisto e então, a contar 370 léguas da ilha de Cabo Verde, os portugueses podiam efetivamente começar a operação colonizadora.



Os espanhóis fizeram sua exploração de modo mais pragmático, já que entraram pelo oeste, pelo norte e pelo sul, deixando de fora somente a porção que correspondia ao Brasil das Capitanias. Cortês, Pizarro e Magalhães não perderam tempo!
E o novo mundo foi, enfim, colonizado... Bem mais pelos espanhóis que pelos lusitanos.


Agora – A estratégia colonizadora II
A língua portuguesa e a língua espanhola são consideradas irmãs, devido à origem, à semelhança e à proximidade dos povos ibéricos. Há lá suas diferenças, que com o passar dos séculos, foram sendo minimizadas pelo efeito da globalização, esta é bem mais antiga do que imaginam algumas pessoas.



Mas a cereja deste bolo vem com a lei que torna obrigatório o ensino da língua espanhola no Brasil. Demorou, mas enfim a Espanha colocou seus tentáculos colonizadores por aqui. Este é um momento histórico importante.
Para nós, profes de espanhol, é a onda perfeita! Um dia cheguei a duvidar da opção profissional que havia feito. Pensava: “Por que dar aulas de espanhol? São línguas tão parecidas! Não há necessidade de dar aulas disso! As pessoas podem se comunicar sem ter que fazer aulas de espanhol. Que burra, dá zero pra mim!”.
Há quem discorde, mas implementar o ensino obrigatório de espanhol no Brasil é uma forma de colonização, a lingüística. O idioma e a identidade cultural de um país se preservam a partir desses marcos.


Mas não se preocupem brasileiros, a língua portuguesa não será dizimada! No máximo, com os séculos que virão, sofrerá transformações próprias de uma língua viva! Não podíamos ficar assim tão distantes ‘de los hermanitos’; tínhamos mesmo que aprender a bendita língua de Cervantes!


Placar: Espanha 2 – Brasil 1


Bem, acho que a história me contrariou, felizmente! Assim tenho como pagar as contas!

Flor

quarta-feira, 19 de novembro de 2008

SuperMulher

Primeiramente, gostaria de me desculpar com os leitores deste bloguito por não ter escrito algo na semana que passou. A vida de professora é exaustiva e requer árdua disciplina, paciência e atenção. Falando em atenção...
Atenção, atenção! A super mulher está aí! A supermáquina de fazer mil coisas ao mesmo tempo vem para anunciar o novíssimo momento da mulher!


O mundo viu vigorosas transformações no campo dos gêneros. Vamos a um apanhado histórico:


A mulher como reguladora do tempo


Antes, bem no início de tudo, a mulher era considerada um ser sagrado, pelo menos em boa parte das sociedades indígenas. Era tida como reguladora do tempo, já que em seu próprio corpo havia, e continua havendo, um relógio natural, mensal. Mens = Lua = Menstruação.
A contagem do tempo era feita a partir do ciclo menstrual feminino, de 28 dias. A Lua possui um ciclo cuja duração é de 28 dias. Há 13 luas durante um ano solar. Ou seja, a Lua dá 13 voltas completas em torno da Terra durante o período de 364 dias, aproximadamente.
Os antigos habitantes do planeta se guiavam de maneira muito simples, a despeito da alta complexidade que essa contagem envolvia. Usavam como referencia o ciclo feminino e nisso residia um grande equilíbrio de forças. As mulheres menstruavam no mesmo período e se dirigiam às tendas lunares a fim de trocar informações sobre parto, sangue, enfermidades, ervas, alimentação entre outros assuntos relevantes para elas e para a tribo. Nasceu aí um tabu, porque os homens, ao que parece, não aceitaram bem isso e fizeram guerras, muitas guerras.
Alguns grupos subjugaram as mulheres porque sempre foi assim. Gregos, romanos e outros como eles, nunca as tiveram em boa conta. Outros mantinham certo equilíbrio na distribuição de tarefas entre homens e mulheres.


A mulher como ser sem alma


O tempo passou, o mundo foi mudando seus modelos de conduta, suas ações e visões. Neste momento da História a mulher que sangra todos os meses e não morre é considerada diabólica, inferior, não possui alma e é um subproduto de Adão, logo alguns acharam que a resposta era queima-las nas fogueiras; queimaram-nas aos montes! Uma igreja feita por homens e para homens, julgou que as mulheres eram seres inferiores, amaldiçoados. Movidos pelo mesmo raciocínio e energia, estes mesmos homens constituíram uma nova forma de contar o tempo, redistribuindo e renomeando os meses e os dias. Nomes de imperadores.
A questão lingüística também merece atenção, já que quando na escola, aprendemos a Formação do Feminino, dado que substantivos e adjetivos são preferencialmente do gênero masculino. Isso se deve ao fato de que na consolidação de alguns idiomas convencionou-se que o masculino era o gênero mais importante, uma vez que eram os homens quem detinham a supremacia na criação e manutenção de regras, condutas e modelos.


A Santa mulher


Essa foi uma estratégia muito interessante da Igreja Católica, que ao dar-se conta da baixa taxa de natalidade resolveu investir na imagem da mulher como santa com o menino Jesus nos braços para fazer com que as mulheres quisessem ter filhos. E deu certo!
A Europa sofria com a pestilência e com o inverno. As crianças estavam morrendo aos montes e, muito em breve, se nada fosse feito, o continente iria converter-se em um asilo, sem exércitos, sem força. Preparou-se então uma propaganda que se espalhou como a peste negra. Usou-se a imagem da Virgem Santíssima com o menino Jesus nos braços para fazer crer as pessoas que a mulher era doadora da vida, um ser sagrado, por assim dizer. A moda pegou e a Europa foi salva pelas mulheres e suas crias.


Escravas felizes


Após um longo período parindo e servindo, as mulheres que não detinham mais seus destinos nas mãos há séculos, tinham como perspectiva de vida cuidar da família, serem bem comportadas e devidamente adestradas, dóceis e prendadas matronas.


Movimento Feminista
 

Fundamentalmente importante no resgate e na consagração de direitos que nunca deveriam ter sido usurpados, ignorados ou esquecidos, o Movimento Feminista operou e segue operando em diversos níveis da sociedade ocidental. Possui hoje inúmeras vertentes de pensamento e, algumas excessivamente radicais, acabam por impor uma certa condição à mulher, a de super mulher. É preciso discutir isso com seriedade e atenção, uma vez que as mulheres acumulam mais do que podem em nome da igualdade entre os sexos. É preciso entender a questão da igualdade como equilíbrio e não sob a perspectiva da superação e competição entre gêneros. É preciso parar de maltratar os homens e educá-los, bem como às mulheres. É preciso urgentemente resgatar a união e deixar de propagar ou reproduzir ‘Ismos’; eles são velhos demais. É preciso parar de achar bonito na televisão a Malu Mader mostrando eletrodomésticos mágicos e resplandecestes, na tentativa fútil de vende-los ou ainda, de vender a imagem da supermulher como aquela que ‘dá conta do recado, seja ele qual for’, porque a super mulher não existe, como não existem super-homens. Isso era bacana no seriado ‘A Feiticeira’; a despeito de a série ser muito cativante era também repleta de ideologias que pareciam glorificar a mulher, quando na verdade a colocava em uma posição bastante inferior, quando não, em uma função amortecedora e compreensiva dos caprichos masculinos. Tudo errado...


Há diversas formas de se relacionar com as pessoas. Homens e mulheres são diferentes; é preciso respeitar as diferenças e entende-las. Fala-se muito em ‘fazer o bem’, no entanto, no trato com o outro, há um véu qualquer que impede uma visão mais suave, mais serena, mais justa!


Flô

sábado, 8 de novembro de 2008

Quando a luz acaba...



-Vou pra janela, vou pra janela! A luz acabou!


Quando era criança adorava ir para a janela observar o breu e o comportamento das pessoas quando acabava a luz durante um temporal. Via todo mundo correr para pegar uma vela, ouvia aquele burburinho e depois de um tempo via as janelas iluminadas por aquela luz amarelada e fraquinha. Algumas pessoas ficavam andando de um lado a outro, como que num desespero para que a luz voltasse logo. E eu, torcia para demorar o máximo possível!


Tudo escuro, raios e trovões abalando os prédios, aguaceiro sem fim! Que maravilha! Só assim era possível ver o mundo de um jeito mais natural, mas logo percebi o quanto o planeta se tornou dependente das tecnologias. Eu inclusive...


Quando acendemos a luz o mundo mudou! De uma maneira geral as pessoas, que até então viviam sem ela, passaram a depender tão absurdamente disso que hoje é quase impensável viver sem luz ou eletricidade. Antigamente não havia isso e as pessoas acendiam fogueiras, dormiam mais cedo e levavam uma vida mais saudável. Nada disso é novidade.


O organismo humano é sensível a tudo. Temos hormônios para acordar e dormir. Quando a luz do sol começa a dar sinal durante o amanhecer o cérebro capta esta informação e detona uma cascata hormonal para despertarmos. E quando o sol se põe, outra cascata de hormônios é detonada indicando a hora de dormir, pois o cérebro percebe a ausência de luz. Com o advento da luz elétrica isso mudou radicalmente; agora o cérebro encontra mais dificuldades para se orientar já que muitas luzes ficam acesas. Antes, a luz natural acabava por volta das 6 da tarde e os hormônios do sono entravam em funcionamento. Agora, acendemos as luzes e permanecemos mais tempo acordados. Isso gera um efeito extremamente estressante para o corpo, que tem dificuldades para identificar com precisão a hora de detonar a fabricação de hormônios do sono, logo temos problemas para despertar e conseqüentemente, para dormir. A maioria de nós precisa do despertador para acordar. Levamos uma vida estressada, estamos muitas vezes cansados e irritadiços e nem imaginamos o por quê, não é?


Estamos ligados a mil plugues, como em Matrix. Acende a luz, liga o PC, atende o celular, liga a TV, fogão automático, geladeira automática, lava-roupas, lava-louças, controle-remoto, indivíduo automático, carro, máquinas para fazer tudo por nós... Isso me lembra outro filme: Lorde Darth Vader em Star Wars, plugado, maquinado, autômato. E o Luke com seu braço mecânico? Será que chegaremos a tanto? Acho que sim!


O futuro já chegou! E agora, o que vem depois do futuro?


É difícil estabelecer uma fronteira entre o que é bom e ruim no âmbito da tecnologia, sem que isso pareça maniqueísta ou ainda, se individualmente essas coisas são úteis ou não. Mas será que precisamos de tantos aparatos eletrônicos, elétricos e portáteis? Ou é impossível viver hoje de modo mais frugal?


Vamos a mais uma lista:


Cafeteira é fundamental? Não até você começar a usá-la. Preferia não tê-la, mas minha sogra comprou uma, aí já viu!
Microondas são realmente necessários? Acho que não, a comida fica estorricada, emborrachada e às vezes fria.
Celulares? Melhor não tê-los, mas sem obtê-los, como atendê-los?
Lava-roupas? Sim, definitivamente são úteis.
Lava-louças? Há dias em que desejo ter uma!
Computadores? Não vivo bem sem eles...
Carros? Há lugares onde não ter um, é absolutamente impraticável. Não é triste isso?


A questão é que não queremos parecer hipócritas ao dizer que estas coisas imundam o planeta, mas não podemos viver sem. Então, qual é o limite aceitável, individual e coletivo dessa questão? Existe um meio termo? Acho que sim, mas quando veremos na prática, aparatos sendo fabricados com tecnologias acessíveis e não poluentes?


Voltando a vaca fria, até hoje, quando a luz acaba e vou até a janela, me deixo levar pelos pensamentos, agora não tão pueris, e penso, até que ponto ainda sou humana de verdade e conservo em mim as habilidades naturais para viver de modo independente das tralhas produzidas e sustentadas por nós? Sobreviveria sem isso? Como? Por quanto tempo?
E você?


A única coisa que sei é que há mais perguntas que respostas. A luz acaba voltando, cedo ou tarde, e com ela, vozes em uníssono ressoam pelos quatro cantos num coro aliviado e feliz.


Flô

sábado, 1 de novembro de 2008

Era uma vez... Amores prontos de fábrica!


Tive que refletir sobre um comentário postado no texto anterior. Na verdade, esta é uma reflexão antiga e custosa. Mas por que não investigar mais profundamente o assunto?


O que nos faz crer que existem príncipes encantados?
Não existem príncipes encantados!


Nós mulheres aprendemos desde muito cedo a esperar pelo príncipe encantado de nossas vidas. Isso acontece, muito provavelmente, em função das inúmeras histórias infantis com as quais temos contato desde pequenas. Cinderela, Branca de Neve, Bela Adormecida, Rapunzel e mais um sem fim de outras personagens de contos de fada povoam a mente feminina com sonhos e expectativas de um dia serem salvas de um monstro, madrasta, bruxa ou dragão de plantão!


Geralmente oferecemos contos de fadas às crianças numa tentativa de fazê-las vivenciar as histórias para terem um palco onde possam trabalhar certos conflitos. Entretanto, tais contos, em sua origem, começaram a ser lidos entre adultos à guisa de entretenimento, em salões de conversas. Possuíam conotações muitas vezes pesadas, de cunho voyerístico ou exibicionista, chegando até mesmo à violência sexual; vide Chapeuzinho Vermelho. O tempo fez seu trabalho e algumas destas histórias sofreram mudanças para adaptar-se às novas demandas, sendo então consideradas úteis para crianças, uma vez que começavam a expor certas lições de conduta e comportamento. Sinistro isso...


Perguntem-se por um momento: Em que me pareço com a Bela Adormecida ou com qualquer uma dessas infelizes? Sim, elas são um bando de mulheres coitadinhas, infelizes ou preguiçosas! Leiam as histórias novamente em caso de dúvidas!


Acho, pessoalmente, uma má idéia fazer isso com os homens, mas levei tempo para entender esse processo, pois fui adestrada para esperar que um dia o tal príncipe aparecesse. Homens e mulheres possuem expectativas mais ou menos iguais no que diz respeito à conquista amorosa. Todos desejamos ser felizes, plenos e certeiros na escolha da pessoa amada. No entanto, quando partimos em busca de uma pessoa queremos que venha preencher nossas vidas cheias de lacunas feitas por nós mesmas; tendemos a jogar a responsabilidade sobre os ombros do outro, no caso os homens! E sabemos bem como fazer isso. Não é bom!


Vejam se querem mesmo uma relação com um destes príncipes ou homens de papel:


O da Branca de Neve: Deixou-a esperando num caixão, semimorta e engasgada, em busca de auxílio.
O da Cinderela: Flertou com as irmãs da Gata Borralheira e com quase todas as súditas, além de ter tido inúmeras crises com o ‘papai’ antes de tomá-la como esposa.
O da Rapunzel: Fez a moça jogar as enormes tranças pela janela para que então pudesse subir por elas e salvá-la... Ai que dooooorrrrrrrr!
O da Bela Adormecida: A moça ficou dormindo por 100 anos até que ele conseguisse encontrá-la e despertá-la. Ô demora...


Mulheres atenção! Essa é a melhor e mais eficaz receita para a frustração amorosa e o melhor modo de transformar homens em sapos! Não depositemos na conta masculina nossas debilidades infantis! Melhor seria resolvermos a questão, buscando dentro de nós as lacunas e preenchê-las com mais de nós mesmas: mais amor-próprio, verdade, valor, autoconhecimento. Se o fizermos, muito antes de nos sentirmos sozinhas, já teremos dissolvido esses padrões. E para aquelas que têm filhas mulheres, pensem bem antes de educá-las para amar segundo a Ordem Social dos contos de fadas!


Os homens não têm que ser a salva-guarda feminina, a panacéia de barba ou o elixir de testosterona, os homens devem ser apenas os homens, e nós, apenas as mulheres.


É fácil fazer isso?
Não, a vida não é fácil e nem têm garantias, mas é mais honesto. Homens de verdade, de carne e osso, como eu ou você, são bem mais interessantes, porque são simplesmente reais!


Flô

terça-feira, 21 de outubro de 2008

Feito para quebrar...

Vocês já observaram que hoje em dia as coisas são feitas para quebrar? Houve uma época em que os objetos duravam, mas isso já era! Do telefone celular às peças de automóveis, tudo hoje é tão frágil, que dá medo de tocar, pois pode quebrar... E quebra!


Neste tempo de descartabilidades (nem sei se esta palavra existe), tem que ter dinheiro, senão já viu! E haja dinheiro para repor aquilo que quebrou! E nesse ritmo, toca a fabricar coisas. Não me deterei aqui falando sobre como o processo de industrialização desenfreada é prejudicial para o planeta e, obviamente, para nós também, não falarei tampouco sobre o consumo cego, menos ainda sobre como nós mantemos esse sistema funcionando. Deixo esse tópico para a auto-análise.


Nostalgias à parte, lembro-me perfeitamente de coisas que tinha e que foram feitas para durar, a exemplo do meu par de patins, da marca Bandeirantes; plataforma simples de amianto, regulável, com tiras para prender os pés. Não tirava o brinquedo por nada, nem por comida grátis! Dos 8 aos 16 eu usei os benditos patins em tempo semi-integral. Sem exageros! Só não ia pra escola e nem dormia com eles, porque não me deixavam. Durou, durou, durou até que acabou, naturalmente! Quando ganhei um par novo, desta vez um roller, não durou 1 ano... Até hoje sonho com meu velho e bom par de patins!


Tudo bem, coisas quebram mesmo, mas boa parte das coisas que compramos atualmente é capaz de quebrar mesmo antes que você possa dizer as palavras:
Que legal esse negócccc... Poxa quebrou!

Experiências de campo:


Aparelhos de som: Aperte o botão do open disc e dê tchauzinho para o CD. O aparelho estava com fome.


Aparelhos de telefone: Converse bem durante meia hora com seu amigo até a ligação começar a picotar e parecer estar sendo feita da China. Olhe atrás do aparelho e verá escrito: Made in China.


Persianas, minhas favoritas: No primeiro dia abra uma vez, feche uma vez, suba uma vez, abaixe uma vez, só para testar. No segundo dia suba as benditas para entrar sol e tente fechar...


Panelas: Faça um caldo, tire a tampa para experimentar a iguaria. Fica o pegador na mão e a tampa na panela.


Isqueiro de carro: Precisa falar?


Caixinha de Cd: Se cair, quebrará, rachará ou perderá os pininhos de suporte para o Cd!


Controle remoto: Remoto onde? Acho que vem quebrado de fábrica. Só funciona a 50 cm de distância, logo não é remoto!
Papa-bolinhas: Aquela maquininha de tirar bolinhas das roupas de lã. A primeira que comprei não chegou nem a funcionar, já a segunda, até o momento, vem papando bem. Vamos ver até quando.


E não é por falta de delicadeza não, hein! É que as coisas são feitas de um material qualquer que não agüenta o tranco do dia-a-dia. Tranco no bom sentido, claro!


Hoje, o que dura mesmo é a esperança de que vamos comprar coisas que durem mais do que apenas alguns meses. Mas não sei se é bom ter esperança, já que esta estava na Caixa de Pandora, portanto se fosse bom ter esperanças, o quê diacho ela estaria fazendo lá dentro?


Flô

quarta-feira, 15 de outubro de 2008

O Tempo...


Salve!


Decidi começar esta série de postagens falando sobre o tempo.


O que é o tempo? Algumas pessoas dizem que o tempo é uma medida para facilitar a contagem dos dias, outros dizem que o tempo tem todo o tempo do mundo, e há aquelas que dizem que o tempo não existe, que é só uma ilusão do nosso tempo...


Einstein dizia que o tempo é relativo... Relativo a quê? A quem? Quando? Como? Por que? Hein?? Caetano Veloso disse em uma de suas célebres canções: "És um Senhor tão bonito, como a cara do meu filho, tempo, tempo, tempo, tempo. Vou te fazer um pedido, tempo, tempo, tempo, tempo..."


O tempo está em todas as partes: Tem a garota do tempo (da meteorologia), o tempo dos avós, o tempo da nossa infância, o tempo de vida que temos, o tempo das estrelas, o tempo verbal, o tempo de férias (sempre curto), o tempo da bateria da escola de samba, tem até a fonte do word, tempus sans...


Considerando a relatividade do tempo, este às vezes passa rápido, outras devagar, depende do quê estamos vivendo naquele tempo! Todos já passamos por momentos assim. Uma fila de banco demora uma verdadeira eternidade para andar, já um bom filme em boa companhia passa como um flash. Deram a esse fenômeno o nome de Tempo Psicológico.

Os povos da anti
güidade (deixe-me aproveitar enquanto existe trema), perceberam o tempo de muitas maneiras distintas e o contaram de formas diferentes de nós, seres da modernidade! Naquelas épocas, penso que as pessoas tinham tempo para quase tudo: Para plantar e colher, para comer e dormir, estar com os amigos, festejar a boa colheita, preparar-se para as estações, tinham tempo para falar sobre fatos importantes da comunidade...

E hoje, o que fazemos com o tempo que não temos?


Acordamos quase sempre sem tempo, em cima da hora de tomar uma ducha, engolir uma comida (quando o fazemos), levar correndo os filhos à escola, correr para o trabalho, trabalhar como loucos, com os prazos curtos, engolir novamente o almoço correndo, porque senão não sobra tempo; voltar rápido e ligeiro para o trabalho... Terminada a jornada laboral, temos muitas vezes que passar correndo no mercado e 'caçar' alguma coisa para o jantar e, cansados do dia exaustivo e corrido, queremos mais uma vez correr para a cama e enfim, dormir! Depois dizemos aos filhos: 'Não corre, menino!' Santa incoerência, Batman!


Acho que essa história de modernidade... Não sei não, hein!

As pessoas andam tão sem tempo, que nos dias dos aniversários dos amigos, preferem mandar um scrap rapidinho pelo Orkut, do que telefonar para eles, sair, vê-los...


Nesta semana, quantas vezes dissemos a alguém que estávamos sem tempo? Em nome do quê fazemos isso?


Bem, para essas questões eu tenho, e ao mesmo tempo não tenho respostas satisfatórias. Ficam aí estas palavras, que podem e devem ser completadas por outras palavras, a qualquer tempo !

Um bom tempo para todos!
Flor do México