quarta-feira, 19 de novembro de 2008

SuperMulher

Primeiramente, gostaria de me desculpar com os leitores deste bloguito por não ter escrito algo na semana que passou. A vida de professora é exaustiva e requer árdua disciplina, paciência e atenção. Falando em atenção...
Atenção, atenção! A super mulher está aí! A supermáquina de fazer mil coisas ao mesmo tempo vem para anunciar o novíssimo momento da mulher!


O mundo viu vigorosas transformações no campo dos gêneros. Vamos a um apanhado histórico:


A mulher como reguladora do tempo


Antes, bem no início de tudo, a mulher era considerada um ser sagrado, pelo menos em boa parte das sociedades indígenas. Era tida como reguladora do tempo, já que em seu próprio corpo havia, e continua havendo, um relógio natural, mensal. Mens = Lua = Menstruação.
A contagem do tempo era feita a partir do ciclo menstrual feminino, de 28 dias. A Lua possui um ciclo cuja duração é de 28 dias. Há 13 luas durante um ano solar. Ou seja, a Lua dá 13 voltas completas em torno da Terra durante o período de 364 dias, aproximadamente.
Os antigos habitantes do planeta se guiavam de maneira muito simples, a despeito da alta complexidade que essa contagem envolvia. Usavam como referencia o ciclo feminino e nisso residia um grande equilíbrio de forças. As mulheres menstruavam no mesmo período e se dirigiam às tendas lunares a fim de trocar informações sobre parto, sangue, enfermidades, ervas, alimentação entre outros assuntos relevantes para elas e para a tribo. Nasceu aí um tabu, porque os homens, ao que parece, não aceitaram bem isso e fizeram guerras, muitas guerras.
Alguns grupos subjugaram as mulheres porque sempre foi assim. Gregos, romanos e outros como eles, nunca as tiveram em boa conta. Outros mantinham certo equilíbrio na distribuição de tarefas entre homens e mulheres.


A mulher como ser sem alma


O tempo passou, o mundo foi mudando seus modelos de conduta, suas ações e visões. Neste momento da História a mulher que sangra todos os meses e não morre é considerada diabólica, inferior, não possui alma e é um subproduto de Adão, logo alguns acharam que a resposta era queima-las nas fogueiras; queimaram-nas aos montes! Uma igreja feita por homens e para homens, julgou que as mulheres eram seres inferiores, amaldiçoados. Movidos pelo mesmo raciocínio e energia, estes mesmos homens constituíram uma nova forma de contar o tempo, redistribuindo e renomeando os meses e os dias. Nomes de imperadores.
A questão lingüística também merece atenção, já que quando na escola, aprendemos a Formação do Feminino, dado que substantivos e adjetivos são preferencialmente do gênero masculino. Isso se deve ao fato de que na consolidação de alguns idiomas convencionou-se que o masculino era o gênero mais importante, uma vez que eram os homens quem detinham a supremacia na criação e manutenção de regras, condutas e modelos.


A Santa mulher


Essa foi uma estratégia muito interessante da Igreja Católica, que ao dar-se conta da baixa taxa de natalidade resolveu investir na imagem da mulher como santa com o menino Jesus nos braços para fazer com que as mulheres quisessem ter filhos. E deu certo!
A Europa sofria com a pestilência e com o inverno. As crianças estavam morrendo aos montes e, muito em breve, se nada fosse feito, o continente iria converter-se em um asilo, sem exércitos, sem força. Preparou-se então uma propaganda que se espalhou como a peste negra. Usou-se a imagem da Virgem Santíssima com o menino Jesus nos braços para fazer crer as pessoas que a mulher era doadora da vida, um ser sagrado, por assim dizer. A moda pegou e a Europa foi salva pelas mulheres e suas crias.


Escravas felizes


Após um longo período parindo e servindo, as mulheres que não detinham mais seus destinos nas mãos há séculos, tinham como perspectiva de vida cuidar da família, serem bem comportadas e devidamente adestradas, dóceis e prendadas matronas.


Movimento Feminista
 

Fundamentalmente importante no resgate e na consagração de direitos que nunca deveriam ter sido usurpados, ignorados ou esquecidos, o Movimento Feminista operou e segue operando em diversos níveis da sociedade ocidental. Possui hoje inúmeras vertentes de pensamento e, algumas excessivamente radicais, acabam por impor uma certa condição à mulher, a de super mulher. É preciso discutir isso com seriedade e atenção, uma vez que as mulheres acumulam mais do que podem em nome da igualdade entre os sexos. É preciso entender a questão da igualdade como equilíbrio e não sob a perspectiva da superação e competição entre gêneros. É preciso parar de maltratar os homens e educá-los, bem como às mulheres. É preciso urgentemente resgatar a união e deixar de propagar ou reproduzir ‘Ismos’; eles são velhos demais. É preciso parar de achar bonito na televisão a Malu Mader mostrando eletrodomésticos mágicos e resplandecestes, na tentativa fútil de vende-los ou ainda, de vender a imagem da supermulher como aquela que ‘dá conta do recado, seja ele qual for’, porque a super mulher não existe, como não existem super-homens. Isso era bacana no seriado ‘A Feiticeira’; a despeito de a série ser muito cativante era também repleta de ideologias que pareciam glorificar a mulher, quando na verdade a colocava em uma posição bastante inferior, quando não, em uma função amortecedora e compreensiva dos caprichos masculinos. Tudo errado...


Há diversas formas de se relacionar com as pessoas. Homens e mulheres são diferentes; é preciso respeitar as diferenças e entende-las. Fala-se muito em ‘fazer o bem’, no entanto, no trato com o outro, há um véu qualquer que impede uma visão mais suave, mais serena, mais justa!


Flô

4 comentários:

Anônimo disse...

Oi!
Eu me sinto avassalada pelo serviço doméstico, cara! Não quero parecer sexista, ainda mais depois de ler o post, mas acho que os homens não ajudam tanto quanto poderiam.
Gostei!
Um abraço e sorte com o blog!
Ana Maria

Anônimo disse...

Oi profe! Quanto tempo! Que saudades!
Acredito nisso também... Isso de que é preciso achar um equilbrio entre homens e mulheres. Muita gente me acha feminista quando falo em equilíbrio, mas o feminismo e o machismo são uma espécie de sexismo, ou não? Detesto isso de sexismo. O mundo tá em guerra por coisas assim...
Beijos e saudades das aulas!
Simone

Anônimo disse...

Oi Flor,
vamos fazer coro para que as diferenças de gênero sejam pontos de convergência e não o contrário.Também me sinto sobrecarregada com os afazeres do lar, os afazeres da profissional e com os estudos que temos que fazer se quisermos manter o emprego, não digo nem melhorar porque isto são outros quinhentos...
Muito pertinente a sua reflexão
Beijocas
Ana

Anônimo disse...

Oi Ana!
Pois é... Não melhoramos muito de grana quando estudamos mais, né? E ainda nos esquecemos de quem somos nós... Onde está 'a pessoa', nós mesmas??
A profissional está aí, a mãe está aí, a esposa, a filha, mas e a pessoa que somos, onde está? No meio disso corremos um sério risco de perdermos a identidade!
Beijos e adorei seu comentário!
Flor