terça-feira, 3 de março de 2009

Profissão, missão ou frustração?


A escola está errada!
Este é o slogan que a MTV andou usando em uma de suas vinhetas. Devo confessar que fiquei feliz ao vê-la e ouvi-la. Sim, a escola está errada, há muitos séculos.



O que se aprende na escola atualmente?


1. A ter medo de errar;
2. A ser considerado burro por cometer erros;
3. A driblar as tarefas, as responsabilidades;
4. A manter a autoestima lá em baixo;
5. A odiar o Conhecimento e o estudo;
6. A alimentar o espírito sonso, preguiçoso e agressivo...



Posso ficar aqui enumerando os desacertos da Instituição Escolar por muito, mas muito tempo... E vocês aí, podem e devem continuar enumerando!


O lugar quadrado:
 

Um caixote quadrado, abafado, com carteiras horríveis, enfileiradas onde aprendemos a nos sentar mal e a manter uma postura física que danifica a coluna e a respiração. É possível aprender alguma coisa útil e benéfica para a vida desta forma? É possível forjar estímulos para o conhecimento em um ambiente assim?


O tratamento geral:
 

Começamos com um problema sério que é tratar o público por aluno. A palavra ‘aluno’ vem do latim alumnus, do verbo alere, nutrir, crescer, fazer desenvolver. Segundo Aristóteles, aluno é o mesmo que sem luz. Luz, neste caso, significa Conhecimento. Sem conhecimento? Isso é certo? Será mesmo que os estudantes não possuem nada em termos de conhecimento? Nada que se possa trocar? Não é possível... Mas parece que ninguém liga para isso! Já ouvi dizer: Isso de nomes não tem importância! Vivemos em um mundo que nomeia e rotula tudo a nossa volta. Há muitos dadores de aula nas escolas atualmente, que fazem com que o estudante se sinta mal por ter errado alguma coisa. Logo, temos um público medroso e melindroso, que não consegue expor opinião por medo do que o dador de aula vai fazer ou dizer dele diante dos outros. A escola hoje cria condições muito específicas para o desenvolvimento de indivíduos com problemas de ansiedade, problemas para lidar com a frustração e o medo. Desde cedo os estudantes desenvolvem tiques-nervosos, distúrbios de atenção, de disciplina, o que acarreta cansaço físico e mental.


O estudante tem o direito de errar, afinal ele está ali para aprender e trocar. Não é errando que se aprende?


O tempo:

O tempo médio que um indivíduo passa na escola é de 15 anos. A conta do tempo aumentou nas últimas décadas em função da enorme demanda familiar por dinheiro e subsistência, e por consequência, pais e mães passam mais horas fora de casa, o que faz com que o estudante comece a vida escolar mais cedo. Ó o estresse chegando aí gente! Este é o tempo geral ou total. O tempo específico é aquele que o estudante estuda propriamente, no turno ou turnos, no caso de um semi-internato, por exemplo. Isso já engata no tema da responsabilidade de educar filhos de pais ausentes, que recaiu sobre a comunidade escolar.
É possível ficar 5 horas, aproximadamente, sentado, ouvindo e anotando o que o dador de aula fala e escreve? Sim, é possível. Mas é útil de fato? Ou ainda, será que as 5 horas que o estudante passa dentro da escola poderiam ser trabalhadas de maneira mais moderna, mais justa e adequada? Preciso responder a esta pergunta?

O material:
 

Há escolas que usam livros de verdade e outras que usam apostilas, confeccionadas por supostos educadores. Daí os estudantes aprendem a memorizar, para depois esquecer. Não acredito nem em uma coisa, nem em outra... Infelizmente os livros de verdade são mal usados, são empurrados e mal digeridos pelos estudantes, porque fazem parte de outro pacote: O vomitorio de matérias!
Voltando ao tema das apostilas, me parece um tanto pretensioso levar o conhecimento aos jovens estudantes nesse tipo de ‘livro’ que mais se parece com encarte de banca de jornal. Nada contra encartes de banca, muito pelo contrário. No entanto, dizer que são livros didáticos... Isso mais se parece com caixinhas Tetra-Pack, cujo conteúdo é bem pasteurizado, ou com lanches fast food, meio junk!
Afora o fato de que temos hoje crianças que levam malas de viagem para as escolas, com direito a rodinhas e tudo, e o pior, é moda ter malinhas assim! Se seu filho não tiver uma ele não fará parte do grupinho que as tem! Dentro dessas malas levam toda a sorte de materiais que muitas vezes não são usados. E o peso?


O bom lado da escola:
 

Quando não há bulling, os estudantes gostam de ir à escola pela vida social que ela pode proporcionar! Ver os amigos, colegas, ensaiar aproximações, cantadas, namoros... Isso é saudável, mas não é tudo, é somente uma pequenina parte, que hoje ganhou proporções esdrúxulas em comparação com o que a escola pode oferecer de proveitoso e prazeroso no convívio social.


Conclusão:

Não tem jeito de levar a escola a sério, portanto, não temos o direito de condenar os estudantes por não gostarem de ir à escola ou por não dedicarem aos estudos muito de seu tempo, o que dirá ao Conhecimento.


O que fazer então?
Mudar.
Como?
Jorge Benjor, grande artista, começa uma de suas canções dizendo: “Tem que dançar, dançando!”.
Então penso que tem que mudar, mudando! Mesmo!


Flô
PS: Este texto não se dispõe a atingir nenhuma escola em especial, senão à forma como se produz educação hoje em dia. Acredito pessoalmente que a Educação é a mais transformadora das armas, acredito ainda que há milhares de educadores bem intencionados e preparados, escolas bem equipadas, mas, infelizmente, isso não é o suficiente. Ainda se faz necessário o cumprimento dos papéis essenciais a que ela se propõe: Manter vivo o espírito curioso para aprender a fazer perguntas em lugar de obter respostas certas e fazer com que o indivíduo compreenda o que significa viver a vida.