terça-feira, 3 de março de 2009

Profissão, missão ou frustração?


A escola está errada!
Este é o slogan que a MTV andou usando em uma de suas vinhetas. Devo confessar que fiquei feliz ao vê-la e ouvi-la. Sim, a escola está errada, há muitos séculos.



O que se aprende na escola atualmente?


1. A ter medo de errar;
2. A ser considerado burro por cometer erros;
3. A driblar as tarefas, as responsabilidades;
4. A manter a autoestima lá em baixo;
5. A odiar o Conhecimento e o estudo;
6. A alimentar o espírito sonso, preguiçoso e agressivo...



Posso ficar aqui enumerando os desacertos da Instituição Escolar por muito, mas muito tempo... E vocês aí, podem e devem continuar enumerando!


O lugar quadrado:
 

Um caixote quadrado, abafado, com carteiras horríveis, enfileiradas onde aprendemos a nos sentar mal e a manter uma postura física que danifica a coluna e a respiração. É possível aprender alguma coisa útil e benéfica para a vida desta forma? É possível forjar estímulos para o conhecimento em um ambiente assim?


O tratamento geral:
 

Começamos com um problema sério que é tratar o público por aluno. A palavra ‘aluno’ vem do latim alumnus, do verbo alere, nutrir, crescer, fazer desenvolver. Segundo Aristóteles, aluno é o mesmo que sem luz. Luz, neste caso, significa Conhecimento. Sem conhecimento? Isso é certo? Será mesmo que os estudantes não possuem nada em termos de conhecimento? Nada que se possa trocar? Não é possível... Mas parece que ninguém liga para isso! Já ouvi dizer: Isso de nomes não tem importância! Vivemos em um mundo que nomeia e rotula tudo a nossa volta. Há muitos dadores de aula nas escolas atualmente, que fazem com que o estudante se sinta mal por ter errado alguma coisa. Logo, temos um público medroso e melindroso, que não consegue expor opinião por medo do que o dador de aula vai fazer ou dizer dele diante dos outros. A escola hoje cria condições muito específicas para o desenvolvimento de indivíduos com problemas de ansiedade, problemas para lidar com a frustração e o medo. Desde cedo os estudantes desenvolvem tiques-nervosos, distúrbios de atenção, de disciplina, o que acarreta cansaço físico e mental.


O estudante tem o direito de errar, afinal ele está ali para aprender e trocar. Não é errando que se aprende?


O tempo:

O tempo médio que um indivíduo passa na escola é de 15 anos. A conta do tempo aumentou nas últimas décadas em função da enorme demanda familiar por dinheiro e subsistência, e por consequência, pais e mães passam mais horas fora de casa, o que faz com que o estudante comece a vida escolar mais cedo. Ó o estresse chegando aí gente! Este é o tempo geral ou total. O tempo específico é aquele que o estudante estuda propriamente, no turno ou turnos, no caso de um semi-internato, por exemplo. Isso já engata no tema da responsabilidade de educar filhos de pais ausentes, que recaiu sobre a comunidade escolar.
É possível ficar 5 horas, aproximadamente, sentado, ouvindo e anotando o que o dador de aula fala e escreve? Sim, é possível. Mas é útil de fato? Ou ainda, será que as 5 horas que o estudante passa dentro da escola poderiam ser trabalhadas de maneira mais moderna, mais justa e adequada? Preciso responder a esta pergunta?

O material:
 

Há escolas que usam livros de verdade e outras que usam apostilas, confeccionadas por supostos educadores. Daí os estudantes aprendem a memorizar, para depois esquecer. Não acredito nem em uma coisa, nem em outra... Infelizmente os livros de verdade são mal usados, são empurrados e mal digeridos pelos estudantes, porque fazem parte de outro pacote: O vomitorio de matérias!
Voltando ao tema das apostilas, me parece um tanto pretensioso levar o conhecimento aos jovens estudantes nesse tipo de ‘livro’ que mais se parece com encarte de banca de jornal. Nada contra encartes de banca, muito pelo contrário. No entanto, dizer que são livros didáticos... Isso mais se parece com caixinhas Tetra-Pack, cujo conteúdo é bem pasteurizado, ou com lanches fast food, meio junk!
Afora o fato de que temos hoje crianças que levam malas de viagem para as escolas, com direito a rodinhas e tudo, e o pior, é moda ter malinhas assim! Se seu filho não tiver uma ele não fará parte do grupinho que as tem! Dentro dessas malas levam toda a sorte de materiais que muitas vezes não são usados. E o peso?


O bom lado da escola:
 

Quando não há bulling, os estudantes gostam de ir à escola pela vida social que ela pode proporcionar! Ver os amigos, colegas, ensaiar aproximações, cantadas, namoros... Isso é saudável, mas não é tudo, é somente uma pequenina parte, que hoje ganhou proporções esdrúxulas em comparação com o que a escola pode oferecer de proveitoso e prazeroso no convívio social.


Conclusão:

Não tem jeito de levar a escola a sério, portanto, não temos o direito de condenar os estudantes por não gostarem de ir à escola ou por não dedicarem aos estudos muito de seu tempo, o que dirá ao Conhecimento.


O que fazer então?
Mudar.
Como?
Jorge Benjor, grande artista, começa uma de suas canções dizendo: “Tem que dançar, dançando!”.
Então penso que tem que mudar, mudando! Mesmo!


Flô
PS: Este texto não se dispõe a atingir nenhuma escola em especial, senão à forma como se produz educação hoje em dia. Acredito pessoalmente que a Educação é a mais transformadora das armas, acredito ainda que há milhares de educadores bem intencionados e preparados, escolas bem equipadas, mas, infelizmente, isso não é o suficiente. Ainda se faz necessário o cumprimento dos papéis essenciais a que ela se propõe: Manter vivo o espírito curioso para aprender a fazer perguntas em lugar de obter respostas certas e fazer com que o indivíduo compreenda o que significa viver a vida.

28 comentários:

Nefer Nefer Nefer disse...

eu estava com saudades Flor...

Anônimo disse...

Amiga, o que dizwer agora? Vc conseguiu expor aqui os principais pontos mesmo... e o pior? Isso vem acontecendo há tempos... lembra na nossa época??? Então aí vai uma pergunta: E o que fez com que chegássemos até aqui? OU... será que teríamos chegado ainda mais longe se o sistema educacional / escolar fosse melhor??? Caramba vou refletir hj sobre isso na terapia!!! hihih Um bjo enorme!!! Dani

Radesh Massad dongenaro@gmail.com disse...

Flavinha ...

fiquei triste e fiquei contente
deu vontade de escrever e de deixar pra lá
fiz questão de dizer algo e de ficar calado ...

Como é um processo cultural e a cultura é mutante, eu fico contente que possamos mudar.

Como é um processo cultural e há resistências, eu fico triste.

Escrevi pra dizer que concordo e fiz minha parte para mudar. Até hoje encontro ex-alunos dizendo que lembram das aulas e que elas eram diferentes.

Por não me achar o tal, eu fico calado ... não quer dizer que sou humilde.

Educação é tudo. Faltam nove para me chamarem pro INEP.

bjs e inté

Flor Falante disse...

Dani, acho que o que fez com que chegássemos até aqui foi simplesmente o fato de que quem manda no mundo sabe perfeitamente que a Educação é uma arma perigosa! É muito mais fácil manter as coisas como estão, o nível de alienação controlado, principalmente após um período de ditadura militar (não faz tanto tempo assim) que ainda produz seus efeitos; do que mudar, revolucionar geral! O conhecimento é tudo que verdadeiramente o ser humano pode possuir, o resto é resto, amiga! Portanto o nosso papel como educadoras é fundamental e não pode ser restrito à língua espanhola... É preciso fomentar discussões, perguntar, conversar com os meninos, deixar que eles falem! Eles são a chave da mudança! Acredito mesmo nisso! :)
Beijos
Flávia

Flor Falante disse...

Rodrigo San, que prazer vê-lo por aqui!
É triste mesmo! :(
Meu estudantes queridos também me abordam vez e outra dizendo que sentem saudades das aulas, que querem ser meus estudantes de novo! Fico feliz, pois me dá a sensação de que estou fazendo um bom trabalho com eles e para a sociedade. Mas é preciso mais! Concordo com cada linha que você escreveu! Mas não tenho esperanças, por que como dizia Chico, "Quem espera nunca alcança".
Sou a favor de mudanças radicais nessa área, porque qualquer mudançazinha é pouca, tem que ser mudanção, senão é placebo, entende? Acho que os sistemas são falhos, parciais, corruptos e, como hoje em dia há um descarado processo de dessensibilização geral (digo isso porque vemos coisas nos noticiarios que são de tirar o sono), as pessoas andam sem forças para pensar em mudanças!

Você é o tal sim! Ahahahaha!
Competencia é seu nome do meio! (Tiraram o acento daí também?)
Você é bom, sempre foi bom no que faz! E não demora muito você será chamado! :)
Obrigada por ter vindo, meu amigo!
Um abraço gigante!
Flávia

Anônimo disse...

Oi Flor, estava com saudades...
bem, como faço parte do esquema concordo com seus pontos, mas atualmente o que mais me agride é a falta de responsabilidade dos genitores para com seus rebentos e a quantidade de conteúdo inútil que há nos currículos. Que aliás são maravilhosos no papel,mas que na prática contribuem para a perpetuação do analfabetismo funcional. De fato algo precisa ser mudado urgentemente! Por onde começar?
Beijos
Ana

Flor Falante disse...

Pois é minha querida amiga!

Os genitores não tem tempo para seu rebentos, são vítimas, ao meu ver, de um sistema que escraviza e matém a ordem das coisas! Se eles param, quem põe a comida em casa? Eles já não comem antes da aula... Quando falo em mudanças, falo sério! Tem que mudar geral.
Acredito que se houvesse a possibilidade de trabalharmos de maneira mais livre, mais contextualizada, priorizando as necessidades deles seria mais justo. O problema é que a coisa virou um comércio só. Tudo gira em torno do dinheiro e enquanto a tônica for essa, não haverá mudança que se sustente. O nosso trabalho é de formiguinha.
Vou postar o que uma amiga me mandou via e-mail e não quis postar no blog e a minha resposta a ela. Ela faz colocações que tem a ver com seu questionamento.
Uma beijoca e 'gracias por haber venido'!

Anônimo disse...

Atendendo a seu pedido, seguem meus comentários:
1) A escola está errada!
Generalização preguiçosa. Além de tudo, entendo que abrir um blog assim é negativo.Há escolas e escolas, há modelos e modelos, há países e países e a generalização é autoritária e conduz à inércia de seu leitor, que já parte de um pressuposto. Que tal: a escola, no Brasil, está errada?
Náo usar maiúsculas desnecessariamente: Conhecimento, com letra maiúscula, por que? Muita coisa que está aí listado é verdadeiro, mas mais uma vez acho que vale avaliar o uso da generalização. Sinceramente, para generalizar, acho que mais vale entender que o modelo brasileiro valoriza algumas das características acima. Náo gosto pessoalmente do Lula e tenho raiva de o Brasil ter um presidente sem estudo e no entanto táo bom em comunicação e carisma (compòe um modelo perverso), mas Lula tem trabalhado no sentido de valorização do brasileiro: puxa pra cima a autoestima....(quer dizer, ao mesmo tempo que um presidente sem estudo e que dá certo é um problema, é bom para o brasileiro acreditar que uma pessoa carente e que náo teve oportunidade pode crescer e ganhar espaço, entendeu? ë preciso ser mais dialético nas observações)
Conhecimento? com maíuscula, por que? Náo conhecia a raiz etmológica de aluno mas sempre entendi que cabe ao professor nutrir, fazer crescer, desenvolver seu aluno e que é assim mesmo. O estudante, é claro, possui o seu conhecimento, mas na escola ele está em busca de um conhecimento maior, que cabe ao professor lhe conferir. E este náo deve ter medo, nem fugir à responsabilidade de ser o responsável pela tarefa de ampliar o mundo do aluno,embora lhe caiba igualmente a função de ouvir o aluno. Se cada parte tem seu nome, o professor ensina(senáo náo é e náo pode ser professor) e o aluno aprende(senáo náo pode estar ali, pagando ou náo para "crescer). Na minha opiniáo, você está errada, o que falta é assumir o nome .Quanto a Aristóteles..... com o maior respeito pelos gregos, uma de minhas paixões da vida inteira, ele viveu no Século IV AC (por aí), cabe a nós atualizar o conceito de sem luz.
Faça e proponha.de minha parte, acho pouco 5 horas de aula diárias. O que se deve avaliar é o que fazer com estas 5 horas.
Por que supostos?Quem os avaliou, em mais uma generalização? Você? Náo gosto de apostilas,mas repito que em um país de recursos pobres, tudo vale a pena se a alma náo é pequena e as apostilas sáo um bom sucedâneo -e barato-ao livro escolar.
Maria Cristina

Flor Falante disse...

Agora, minha resposta à Maria Cristina!

Olá querida!
Como vai? :)

Bom, adoro discussões, são sempre ricas!
O blog já está aberto há um tempo!
Sei que pesei a mão no texto, estava guardado há mais de 2 meses em meus arquivos esperando, sendo aparado e remontado para publicar. Quase não o faço!

Achei que estivesse claro que se tratava da educação no Brasil, mas pelo visto me equivoquei, não é?
Sim, há escolas e escolas, modelos e modelos, não concordo com nenhunzinho deles! Venho de uma família de gente ligada à educação, me liguei a uma família de gente professora (marido, sogra, cunhada), andei por mais escolas do eu mesma posso contar. Dei um testemunho do que vejo desde menina e, agora como profissional da educação (há 14 anos), percebo que por mais modelos que possam existir o sistema que dá suporte a eles é falho. Se fui generalista é por vejo que se há uma escola que faz a diferença, não tem chegado aos nossos ouvidos. Não basta uma ou duas, estou falando de algo grande que precisa mudar. As escolas particulares transformaram a educação em comercio, dão calote nos professores e sabotam o que podem em detrimento do dinheiro. As escolas públicas são uma miséria geral... Você ia ficar de cabelo em pé se visse e ouvisse o que vejo e escuto dos meus estudantes todos os dias. Não é um sistema justo para eles e para a sociedade. Enquanto vejo isso, tem gente roubando, corrompendo tudo o que pode, e isso, obviamente, não é certo! Os jovens são mesmo a chave para as mudanças! Acredito piamente nisso!

Usei Conhecimento com maiúscula porque se trata da instituição maior do conhecer e não do conhecimento mais usual, cotidiano. E, até onde sei, gramaticalmente está correto.

Quanto ao Lula, este homem sim é um paradoxo, não? Acho tremendamente complicado termos um presidente sem instrução suficiente no poder, no entanto foi absolutamente necessario que ele chegasse até aqui, pois é preferível ver o Lula no poder a ver o mais do mesmo como o Sarney, Itamar, Collor e o FHC, que mantiveram o mesmo modus operandis de eras. Esses caras não melhoraram quase nada, a meu ver. Não sou de partidos, acredito como Drummond que, "Um homem de partido é um homem partido". Não defendo o PT, o PSDB, o PC do B e nenhum partido. Não sou comunista, socialista, capitalista, tabagista e nem anti-tabagista.

Acho que o presidente ganhou seu espaço com carisma, concordo contigo, mas as pessoas carentes de instrução não podem ter a idéia equivocada de que chegarão a ser gente na vida, como o presidente, da maneira que ele chegou. Ele fez parte de um processo histórico muito específico. Isso é vago, falho e causa uma ilusão complexa. Ele foi uma exceção à regra. É preciso estudar sim, todos tem direito, inclusive o presidente, que já devia ter feito alguma coisa com respeito a isso!

O professor ensina e o aluno aprende... Bem, concordo em parte, pois vejo o quanto aprendo diariamente com meus estudantes. Educação é rua de mão dupla. O professor dá os toques, clareia a visão, explica, mas sobretudo, fomenta a curiosidade no estudante, faz com que ele busque subsidios proprios para se auto-nutrir de conhecimento.

Supostos professores sim, minha querida! Convivo diariamente com alguns deles. Já conheci uma pá deles durante a minha vida profissional, na escola pública e na particular. Tive aulas com esse tipo de professor. Gente que aterrisou na sala de aula, gente sem compromisso, que fez um concurso para ter aposentadoria garantida e esperar a morte chegar, gente que mama nas tetas do governo, que não se digna a levantar da cadeira para fazer uma aula ficar interessante, gente que sequer acende a luz da sala de aula, gente que maltrata os meninos... Desculpe-me lindona, mas existem aos montes esse tipo de 'professor' e na minha opinião não são professores, são dadores de aula! Afora o fato de que há professores que dizem para 'mim' fazer, pra 'mim' comer... Podemos cometer erros, isso é humano, mas algumas coisas são mesmo inadmissíveis!

Ah Aristóteles querido, adoro ele, mas acho que nessa hora dos nomes ele teve uma crise de ego...

Com relação aos materiais didáticos, não concordo com o que disse. Se houvesse menos roubalheira, cargos comissionados desnecessários, menos passagens de avião, menos corrupção, sobraria tempo, dinheiro para investir em livros didáticos melhores. Mas acho, Cris, que o problema dos livros é um problema menor. Veja você, uma única fonte de conhecimento é prejudicial à mente. Obstrui a possibilidade de construção e aquisição de conhecimento. Para mim, o ideal é que fossem vários livros à disposição, o tempo todo, mas para isso o educador teria que estar realmente preparado para o cargo. Não gosto da idéia de um livro, um isso, um aquilo... Isso acaba nivelando as coisas por baixo.

Cinco horas sentado na carteira não rola... tenho sim, muitas propostas interessantes, viáveis e juro, se tivesse meios de colocar mais delas em prática, o faria. Mas como estou submetida às regras de um sistema inoperante, faço o que posso, mas tenho limitações. E não escrevi sobre isso, porque em um blog precisamos ser sucintos, o máximo que pudermos. Não dá para falar tudo numa sentada só. Não é um livro, é uma coluna ou algo assim. Mas acho justa a sua colocação sobre a busca de soluções, e devo escrever sobre isso mais na sequencia, ok?

Segundo sua opinião fui generalista, mas veja quanta discussão suscitei em você!
Gosto de debates! :)

Desde já agradeço sua partcipação, pena que não foi no blog, mas tudo bem! Peço desculpas se de alguma maneira provoquei algum sentimento ruim em você e também se cometi algum erro grave de português; ainda estou me familiarizando com as regras novas de ortografia, que na minha medíocre opinião foram, em sua maioria, desnecessarias. Gosto de escrever e não tenho qualquer problema em ser corrigida, pois dessa forma aprendo bastante e o meu negócio é aprender! Amo o Conhecimento com letra maiúscula! ;)

Um grande abraço e se quiser continuar o debate, estamos aí!
Beijocas
Flávia

Anônimo disse...

Li o texto e também os comentários.
Você bem sabe que concordamos em gênero, número e grau.
Acho que o grande problema da mudança na educação é a diferença de opiniões entre os que vivem a realidade da sala de aula, professores e alunos, e aqueles que pensam teoricamente e baseados em suas vivências pessoais, ou seja, o saudoso tempo em que foram alunos. Todos nós lembramos com saudade e carinho do nosso tempo de escola. No entanto, isso não quer dizer que esse período foi perfeito. Acho mesmo que a gente sorevive à escola, alguns com mais outros com menos cicatrizes. E como educadores, sabemos que falta muito no MODELO educacional vigente para desenvolver mais dos seres humanos. Por isso, concordo com a generalização. Porque o MODELO de educação que você debate é generalizado mesmo.
Por fim, acho que as idéias são mais importantes do que a forma do texto. Ferreira Gullar (não sei se escrevi certo, mas sei que ele me perdoará a gafe) recentemente disse que não está nem aí para a recente reforma da língua portuguesa. Acho mesmo que o mais importante é se comunicar, e se essa reforma for impedir a gente de escrever, então prestou-se um deserviço à lingua. Mas essas discussões são tão polêmicas e perder-se nelas pode nos afastar da idéia de transformar a escola.
Um dia, eles passarão e nós passarinho.
Beijos, C.

Anônimo disse...

to sem tempo hoje, mas lerei com atenção seus argumentos e depois devolvo....alguns j';ame tocaram, outros me parecem indefenbsáveis. De todo modo, o que proponho é a mudança de enfoque: se está tudo uma merda, te pergunto: o que vc faz na escola? Aponte o futuro!
Um beijo,
MC

Flor Falante disse...

Oi Cristina!

Estou na escola que é pra ver de eu aprendo alguma coisa! De verdade! Mas mantenho o coração aberto para aprender e a dividir o que sei, o que aprendi com meus meninos, para ver se eu faço com que eles ganhem uma dimensão melhor do que significa Conhecimento!!

Abraços Cristina

Flor Falante disse...

Olá C.

Sim, sim, concordamos em gênero, número e 'degrau', como dizem o Paulo e o Marco!
Sim, eu me sinto uma sobrevivente... Sobrevivi à escola! E como isso foi custoso! Em quantas aulas dormi, sonhei... Hoje, certamente aproveitaria 110% aquilo que vi durante o Ensino Médio. Então acho que um empecilho é a idade. A idade que entramos na escola, a idade que temos que escolher profissões... Me parece tão injusto e inadequado, pois me lembro o quanto bati a cabeça tentando descobrir minha vocação. De Cinema à Letras tantos cursos passaram pela minha mente!
Outro dia uma querida estudante do Ensino Médio me disse que estavam lendo Nietzsche. Poxa, Nietzsche no Ensino Médio... Não sei não, hein! Acho meio indigesto. Ela me disse que era em função do PAS. Respirei então profundamente, lhe abri um sorriso e disse: Querida, não sei por que realmente vocês estão lendo Nietzsche, mas não concordo. Não pelo Nietzsche. Acho que tudo tem sua hora, seu lugar. Ele é importante, acho que você deve lê-lo, explorá-lo, mas não sei se é a hora. Você precisa dele para passar no PAS agora. É uma pena, pois aproveitaria melhor a leitura sem tantas pressões para passar no vestibular da UNB. Se precisar conversar sobre isso, sobre o Nietzsche e tudo o mais, estarei por aqui, como sempre! :)
Ela então sorriu de volta; tão menina e com um ar tão cansado, e disse: Está bien profe! Gracias sí?

Um outro estudante disse na sequência que estava lendo 'O Discurso do Método'. Dei duas respiradas dessa vez...

É isso aí.
O que você me diz?
Estou errada em pensar que esses livros são um pouco demais para eles agora? Ou você acha que eles aguentam?

Então meu chapa, tem muita coisa fora do lugar e quando é assim, a faxina tem que ser grande!
Idade. Eles tem idade para isso? Ou estou errada?
Beijocas
Flávia

Cassio Loretti disse...

Poizé, Flô.
Não tenho nada contra o bigodão. Nem contra os outros, por vezes, indigestos, clássicos. Acho mesmo que a juventude devia ter contato com esse pensamento, e acho que mais cedo é melhor do que mais tarde. O problema é a pressão. E acho também muito sinistra essa cobrança. Gostaria de saber se existe um objetivo por trás disso, ou é apenas uma forma aleatória de eliminar candidatos.
Será que os alunos das escolas públicas tem acesso a essas obras?
E pq esse ou aquele filósofo? Alguém avaliou as competências e habilidades exigidas e tangíveis a esses estudantes.
Como eu disse, penso que é uma mera arbitrariedade, uma forma de definir um critério de eliminação.
Tudo igual...
C.

Bazófias e Discrepâncias de um certo diverso disse...

Realmente, concordo que essa forma tradicional de produzir conhecimento não "cola" mais. Mas vejo boa parte da juventude pouco interessada em debater novas formas e possíveis "fórmulas" de conseguir superar esse método arcaico... vejo tudo isso como uma dinâmica diferente, de indivíduos menos descolados do núcleo familiar, enfim... se a instituição também não consegue cumprir o seu papel, então há a alienação total e completa do indivíduo... por fim, só resta o caos... bjs

Emília Monteiro disse...

Ai, como enche minh'alma de alegria ler o que alguém parece que psicografou de minha própria mente!! Ainda melhor se essa pessoa for alguém que conheço pessoalmente, admiro e amo!
Estou neste dilema atroz porque como sabes, tenho duas filhas em idade escolar e confesso que tenho sérias dificuldades em achar alguma escola que condiga com essa visão que temos.
O que me deixa um pouco mais conformada é mesmo a criação que dou para minhas filhas, que espero se transforme em atitude que elas possam ter frente as desigualdades, injustiças e arbitrariedades que elas possam observar dentro e fora da escola. Que elas possam ser agentes sociais e cidadãs conscientes.
Estamos caminhando para uma era em que mais do que Conhecimento, as pessoas terão que ter Criatividade para se destacarem, e aí a minha provocação: Como a escola poderia mudar para atender a essa demanda num futuro mais próximo?
Grande beijo!!
Emília.

Patrícia Andréa disse...

Nossa... Há qto tempo... Finalmente posto d novo!=)

Concordo com vc amiga: atualmente a escola é mais como um lugar pra onde vc vai e passa tempo sem, mtas vezes, aprender as coisas... E o pior é q mtas vezes isso persiste até a faculdade...
Acredito q todo o modelo d escola deveria ser repensado, pq como está hj em dia quase nenhum aluno consegue aprender algo pra vida toda (mtas vezes só até a hora da prova).
Passa lá no meu blog q tem post novo!
Bjus e bom fds!

Flor Falante disse...

Oi Bazófias!

Mas é por isso que os 'alunos' não se interessam por nada, meu querido... é difícil querer aprender, se interessar, se movimentar dentro de um círculo vicioso... é mais fácil se alienar, não acha?
É mais fácil e extremamente perigosa essa alienação, porque é exatamente isso que interessa a uns poucos que cuidam da estrutura educacional! Esses meninos estão muito cansados, cara... e eles ainda não chegaram a um terço do caminho.
Por isso a minha indignação! Por isso propus uma discussão! :)
Um abraço e valeu!
Flávia

Flor Falante disse...

Pois é Patrícia, temos que ser incansáveis... Mas ser incansável é impossível.
Então imagina o estresse! Nem escrevi sobre a situação financeira no professor, senão vocês iam se deprimir!

Beijos querida!
Flávia

Flor Falante disse...

É isso aí Emília!

Se você cumpre bem seu papel de mãe, já é de boa ajuda, pois como sabe, existe um grande número de crianças que não tem uma estrutura familiar muito consistente. São filhos de pais ausentes, que veem seus filhos apenas no final do dia e mal trocam uma palavra com eles. Como disse, não acredito nesse sistema educacional, é falho e perigoso. Não conheço nenhuma escola atualmente no Brasil que se proponha a fazer um trabalho realmente distinto; estamos todos submetidos ao mesmo sistema. O mais próximo que já vi do que espero de uma escola foi a famosa Summerhill, uma escola inglesa, de natureza democrática, que visa educar crianças na liberdade. Teve uma profunda influência da psicanálise de Reich e conta com uma estrutura baseada na felicidade. É o mais próximo que conheço, mas para mim, ainda não é isso, é quase! Não somos ingleses, teríamos que adequar as condições, mas é um ótimo ponto de partida. Sugiro que investigue o nome da escola e ses métodos. Talvez assim, você encontre um bom parâmetro. Ah, vale a pena lembrar que o sistema de Summerhill não se parece com o daquela escola onde suas filhas estudaram quando pequeninas, sistema aquele que te enfadou bastante na época e foi responsável pela mundança delas para outra escola 'semelhante'.
Fica aí a sugestão!

Obrigada por participar da discussão!
Beijocas
Flávia

Anônimo disse...

Não conheço de perto a educação hoje. A não ser o que vejo em resenhas, reportagens, dados estatísticos. Ouço amigos, que já deram e dão aula em faculdades reclamarem da falta de interesse dos alunos. Ouço alunos reclamarem da didática antiquada e da falta de olhar crítico dos professores, que deveriam lhes mostrar formas diferentes de ver o mundo. Minha experiência não é parâmetro para o mundo, mas sempre estudei em escola pública. É bem verdade que lá nos anos 70 e 80, cujo ensino, dizem hoje, ter sido melhor que o atual Será? Lá naquela sala quadrada, com cadeiras e mesas quadradas, havia alunos sem interesse algum e professores idem. Outros não. Não fiz cursinho. Não fiz inglês. Passei para a Uerj em primeira opção. Sei que gênio não sou, mas até onde irá este jogo de empurra empurra aluno-professor? O bom professor acende a curiosidade do aluno. O bom aluno provoca a chama do professor.

Fui aluno e passei a gostar mais de determinada disciplina em razão da beleza da palavra, do entusiasmo, do olhar crítico de um professor de história, de matemática, de biologia, de literatura...

Por eu ser advogado, gosto de discussão e odeio donos da verdade e generalizações. Quando alguem diz: você esta errada por escrever que a ESCOLA ESTÁ ERRADA!, me parece que a generalização e a arbitrariedade tornam a crítica e o objeto da crítica uma coisa só. Afinal, não existem fatos, só interpretações (Nietzsche).

Beijos,

Julio Cezar de Oliveira Braga.

Flor Falante disse...

Pois é...

O jogo de empurra-empurra é, ao meu ver, bem antigo. Há tantos problemas relatados que acho, sinceramente, que seria mais justo e quiçá mais fácil destruir para reconstruir! Algumas pessoas se assustam com esse meu instinto plutônico, no entanto para que ficar remendando um pano velho? Tem uma hora que é preciso reconhecer que não dá mais, que esgarçou...

Você tem razão quando diz que “o bom professor acende a curiosidade do aluno. O bom aluno provoca a chama do professor”. Minha querida professora de espanhol, Irene Bécker Flores, índia peruana, mestra em Educação (a mais jovem mestra da América Latina, em sua época), desde o primeiro dia de aula me acendeu o espírito para uma língua que gostava, mas que não havia sido a minha primeira opção, pois quando ingressei na faculdade, havia escolhido inglês; diante da impossibilidade de continuar a estudar a língua de Shakespeare, pois estavam todos muito adiantados e eu não, decidi, de coração aberto pela língua de Cervantes! Não sabia uma linha de espanhol, nada... E ela me ensinou! Ahhh como agradeço a Irene por isso! Ela com seu jeitinho especial fez crescer minha curiosidade sobre o idioma. Não perdi uma aula sequer durante o curso inteiro, exceto quando fui a Barcelona por quinze dias no fim do curso.

Antes do Espanhol, do curso de Letras que fiz, prestei vestibular para Biologia, e o fiz em razão de meus excelentes professores desta matéria no Ensino Médio. Todos eles eram tão bons que me fizeram esquecer minhas muitas debilidades em matemática, física e química! Passei e cursei durante quase um ano, até que minhas debilidades me vencessem por completo. Mas veja, que força tem um professor na vida de um estudante! Ignorei minhas dificuldades, que eram muitas, e fui! Não importa se não concluí o curso de Biologia, não importa mesmo! Aprendi o que tinha que aprender com isso, que foi bem além das paredes da quadrada sala de aula!

Quando um estudante me pergunta algo que não sei, algo que não faço ideia, trato de buscar correndo para ajuda-lo. É nesse movimento que o professor aprende, porque ele se dispõe ao auxilio. Não temos que saber tudo, mas temos que nos manter abertos ao Conhecimento, senão para que estar na sala de aula! Então, quando alguém me fala que está lendo Nietzsche, Platão, Maquiavel, eu tenho que ir atrás, e isso é uma obrigação moral para mim, pessoalmente! A responsabilidade dele é minha também e podemos aprender juntos! E aprendemos!

Não sei se minha vocação é a sala de aula propriamente, mas sim, minha vocação é ensinar e aprender, isso com certeza!

Obrigada pela participação!
Um beijo enorme!
Flávia

Bazófias e Discrepâncias de um certo diverso disse...

Então Flávia... faço essa mea culpa, pois quando estava no Ensino Médio não dava a mínima para a escola... não via sentido naquilo, a não ser formar e sair dali para fazer outra coisa... era um alienadinho! rsrs
Fui me interessar por estudos e leituras bem longe da escola... mas não culpo as professoras não, culpo a mim mesmo... nunca peguei aula, mas se porventura começar, eu vou provocar os alunos, pra ver se consigo ajudar alguém, sei lá... bjos

Anônimo disse...

interessante que ontem mesmo, eu estava conversando sobre os métodos educadores de hj em dia
muito bom seu texto.
bjos

Flor Falante disse...

Oi Connery!!

Fico feliz em saber que tem gente pensando sobre o assunto! Eu já estava engasagada, precisando colocar esse texto no ar... Algo precisa ser feito!
Obrigada!
Volte sempre que quiser!
Flávia

Du disse...

É, colega.. e tem "nóis" nesse cenário.. tbém sou prof (e aluno) e sei muuuito bem como se dão as coisas na escola

Flor Falante disse...

Oi Du!
Li seu comentário no meu blog e me perguntei como você o teria encontrado. Mas logo achei a resposta... Você acompanha o blog do Daniel. Legal!
É mesmo difícil a vida de um professor. Um dilema constante pra quem acredita da Educação, mas não crê na Instituição... Que coisa, não?
Valeu o comentário!
Gostei do seu blog, Gosto de idiomas (todos)!
Um abraço,
Flor do México

Patrícia Andréa disse...

Olá!
Dá uma passadinha lá no meu blog q tem um presentinho pra vc!

Bjus e tenha um ótimo domingo!